Certos diretores já tem uma base de fãs suficientemente consolidada para conseguir certos incentivos financeiros para a produção de suas obras. E, às vezes, não precisa nem ser um diretor extremamente famoso, como Spielberg, Christopher Nolan, ou Edgar Wright. Pode ser um diretor de filmes B, pequenas obras que dialogam entre si, como o recente vencedor do Oscar Sean Baker, ou Paul Schrader.
Não que eu seja particularmente fã de Schrader. Para mim, seus filmes se baseiam unicamente em boas idéias, nem sempre bem executadas.
Alzheimer épico
Essa impressão se fortalece com Oh, Canada.
O filme é um The Father, mas com uma história de vida completa. Quando um documentarista com demência está participando de um documentário como o alvo da obra, ele tenta contar a própria história. A idade avançada e um diagnóstico de uma doença fatal parecem confudir o protagonista.
Memórias embaralhadas, cenas desordenadas, arcos que parecem se perder no meio do caminho. Tudo, porém, proposital. É como se estivéssemos acompanhando a doença vencendo a batalha na mente do protagonista, e aí que a associação com o filme The Father funciona.
Infelizmente, Oh Canada não consegue ser tão poderoso. Talvez por ser uma obra mais ampla, que se espalha por uma vida inteira, cheia de personagens, contradições, e feitos contestáveis.
Não que o filme seja ruim. Mas ele chega em uma hora que outras obras abordando o tema entregaram resultados muito melhores.