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A Hora do Mal

Após o sucesso de Barbarian, Zach Cregger retorna com um novo e ambicioso projeto: Weapons, lançado no Brasil como A Hora do Mal. O filme é estrelado por nomes de peso como Josh Brolin, Julia Garner, Alden Ehrenreich, Benedict Wong e Amy Madigan, e parte de uma premissa intrigante: dezessete crianças da mesma sala desaparecem misteriosamente na mesma noite, saindo de casa sem deixar pistas, exceto uma que permanece.

Logo nos primeiros minutos, o longa estabelece uma atmosfera de inquietação crescente. A cidade entra em colapso emocional, e as perguntas se multiplicam: o que aconteceu? Quem está por trás disso? Seria algo sobrenatural, psicológico ou social? Essa ambiguidade sustenta a tensão ao longo da trama.

Um dos grandes destaques está nas atuações, especialmente a da personagem da professora, interpretada por Julia Garner, que carrega o peso emocional da narrativa. Ela consegue transmitir com força o desespero de quem, além de perder seus alunos, é também acusada pela própria comunidade. Sua performance é crua, intensa e profundamente humana.

Apesar de utilizar clichês típicos do gênero, como trilhas abruptas e o uso de silêncios dramáticos, o filme compensa ao adotar soluções narrativas criativas — a principal delas sendo sua estrutura não linear. Ao invés de acompanhar uma única protagonista, cada personagem ganha seu próprio segmento, com diferentes pontos de vista. É somente quando todas essas partes são apresentadas que o público consegue montar o quadro completo do que realmente aconteceu naquela noite. Essa escolha narrativa exige atenção, mas recompensa o espectador com uma construção envolvente.

Visualmente, A Hora do Mal mantém a estética soturna e realista que já marcava o trabalho anterior de Cregger. A direção de fotografia contribui para criar uma sensação constante de ameaça, mesmo nas cenas mais silenciosas. O terror aqui é mais psicológico do que explícito e isso funciona a favor da história.

O filme ainda tenta abordar questões sociais relevantes, como a fragilidade das instituições, o julgamento público e a culpabilização coletiva, mas acaba não desenvolvendo esses pontos com a profundidade necessária. As ideias estão lá, mas surgem mais como pano de fundo do que como elementos centrais.

Por fim, embora a estrutura inovadora traga fôlego novo ao gênero, ela também evidencia furos no roteiro, pequenas incoerências e situações mal explicadas que, embora possam ser interpretadas por alguns como parte do “mistério”, são, de fato, falhas de desenvolvimento. E isso prejudica um pouco a força do desfecho.

Em resumo, A Hora do Mal é um filme com boas intenções, que arrisca em sua forma e acerta em sua atmosfera. Ainda que não consiga explorar todo o potencial de seus temas, entrega uma experiência instigante e desconcertante, especialmente para os fãs do terror que procuram algo além do convencional.

Autor:
🗺️Historiador, professor e criador de conteúdo focado em quadrinhos e mangás.