O gênero “Terror para crianças” talvez seja um dos menos explorados do cinema. O que é, talvez, compreensível: eu mesmo não tinha a menor idéia que esse era um gênero cinematográfico possível de ser alcançado. De qualquer forma, o longa animado Zoopocalipse – Uma aventura animal tenta explorá-lo, através de um filme de zumbis protagonizado por animais fofinhos (alguns nem tanto) de um zoológico.
A animação, do minúsculo estúdio L’Atelier, sabe do seu tamanho. Ela não tenta ir para um lado artístico, que o roteiro não permitiria; e nem se dedicar mais do que o necessário às suas texturas e personagens. Não há nem uma preocupação na animação de pêlos, o que pareceria algo recorrente em um filme com animais. O render trabalhou bem pouco.
O que não é, por si só, um problema. Ao se livrar da responsabilidade de entregar uma animação bonita, o filme consegue entregar uma animação extremamente funcional. Ao não arriscar em ser mais do que é, eles acertam: o jeitão caricato faz com que nenhuma cena de terror seja realmente assustadora, sinal positivo para levar a criançada no cinema. A história, boboquinha, não pede mais do que isso também.
Mesmo assim, o filme tem seus bons momentos. O humor acerta ocasionalmente, principalmente no personagem do lêmure, um cinéfilo que eu gostaria de contratar como crítico para o Salada Caprese. A dublagem dele também é a melhor do filme, um mérito de Ed Gama, que cedeu a voz e o sotaque ao personagem. Contraponto à voz da loba Grace, responsabilidade de Viih Tube, que se esforça, mas entrega um resultado fraco.
É o suficiente para entreter as crianças e não entediar os adultos. Como fator positivo, a única criança na cabine de imprensa de São Paulo estava visivelmente tendo uma experiência fantástica com o filme.
