SALADA CAPRESE uma comida tão humana que tem pele ao invés de casca

Sing Sing

Eu gosto do gênero “filme de prisão“. Nem que isso seja um gênero per se, mas o grande culpado pelo meu apego emocional a esse tipo de história provavelmente foi o Frank Darabont, que mandou “À espera de um milagre” (The Green Mile) e “Um sonho de Liberdade” (The Shawshank Redemption), bem na época que eu era um fedelho começando a gostar de cinema. Não à toa, a história de Andy Dufresne ainda mora em minha mente como um dos melhores filmes de todos os tempos.

E aí Sing Sing já começa do meu agrado: é um filme de prisão.

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Ele é, porém, um filme de prisão para a galera do Parlapatões. Tem toda uma pegada artística, e não no sentido que o filme se permite a ser fantástico ou que a prisão tem tons coloridos, muito pelo contrário: ele é bem assentado na realidade – mais do que qualquer outro filme de prisão, como eu fui depois perceber quando os créditos começaram a subir. Mas a pegada artística está dentro dos personagens.

Eles são presos que usam o teatro para fugir (metaforicamente, agora sim) da realidade prisional. Enquanto eles interpretam outros personagens e fazem os exercícios que a dramaturgia convida, eles acabam se permitindo serem vulneráveis e abertos, coisa que não se imagina ninguém sendo em prisão nenhuma.

Show don’t tell

Mesmo assim, o filme ainda cai numa história bem simples. O que não quer dizer que ele a entregue de forma tola, jamais. A direção conta com algumas artimanhas de cenas e roteiro que, ao invés de levar a audiência pela mão e ir entregando cada detalhe da história, permite que nós busquemos os pontos escondidos em ângulos, interpretações e diálogos muito bem trabalhados. Não é à toa que o filme concorre ao Oscar na categoria “Melhor Roteiro Adaptado”.

E não é a unica nomeação de Sing Sing. O protagonista Colman Domingo está merecidamente indicado entre os melhores atores e não seria uma injustiça se ele levasse o prêmio.

Sing Sing entrega mais do que promete. Mas, pelo nome, me parecia que ele ia entregar um musical, então pode-se dizer que ele entrega, no mínimo, algo diferente do que eu esperava.

Autor:
Barão do Principado de Sealand. Com uma inexplicável paixão por cinema, cervejas e queijos.