O primeiro Telefone Preto chegou sem fazer muito barulho, mas surpreendeu ao entregar uma trama de investigação com toques sobrenaturais envolvente e inteligente. Justamente por ter sido um sucesso inesperado, a expectativa para sua sequência era enorme. E, mesmo com esse peso, O Telefone Preto 2 não decepciona, aprofunda personagens, fecha pontas soltas do filme anterior e ainda presta homenagens aos grandes clássicos do terror norte-americano.
Quatro anos após escapar do macabro cativeiro do Grabber, Finney tenta seguir em frente sendo o único sobrevivente daquela tragédia. Mas os traumas permanecem, e sua irmã Gwen passa a ter sonhos estranhos nos quais recebe ligações do telefone preto e presencia três garotos sendo caçados em um acampamento chamado Alpine Lake.
Determinada a investigar, ela convence Finney a viajar até o local durante uma tempestade de neve. Lá, os dois descobrem que há uma conexão sinistra entre sua família e o sequestrador. Agora mais poderoso mesmo após a morte, o Grabber ressurge em busca de vingança, forçando Finney a enfrentar novamente um mal inimaginável.
O filme acerta em cheio ao mudar não apenas a ambientação, mas também o clima, agora se passando em um acampamento de inverno durante uma nevasca, o novo cenário evoca imediatamente a atmosfera da franquia Sexta-Feira 13, com claras referências ao icônico Crystal Lake. Mas as homenagens ao terror dos anos 80 não param aí.
Tal qual Freddy Krueger, o Grabber encontra uma forma de atacar também pelos sonhos, expandindo suas ameaças além da realidade. Dessa forma, o longa mantém a tradição do primeiro filme ambientado nos anos 70 e fortemente inspirado nos thrillers de serial killers da época, ao mesmo tempo em que abraça a estética sobrenatural dos slashers que marcaram a década seguinte.
As atuações se destacam. Ethan Hawke retorna ainda mais ameaçador, mantendo a aura sufocante do vilão. Madeleine McGraw, agora com mais protagonismo como Gwen, entrega uma atuação sólida e emocionante, transitando com naturalidade entre o drama e a tensão. Mason Thames continua convincente como Finney, demonstrando as cicatrizes emocionais do trauma, mas também uma nova determinação herdada das lições de Robin, aprendendo a se defender em um mundo que insiste em caçá-lo.
O novo ambiente traz frescor à franquia e dá espaço para desenvolver não apenas a mitologia do Grabber, mas também a origem dos dons de Gwen e Finney, que agora são tratados de forma mais consistente dentro do roteiro.
Em linhas gerais, O Telefone Preto 2 faz jus ao seu antecessor e se firma como uma continuação à altura. Ao abraçar de vez o terror sobrenatural e dialogar diretamente com os clássicos dos anos 80, o longa mantém sua identidade, mas também se reinventa. É uma obra que consegue equilibrar tensão, homenagem e emoção, consolidando a franquia como uma das mais interessantes do terror contemporâneo.