Poucas traduções de título são tão infelizes como o que a distribuidora Diamond escolheu para Roofman, novo filme good-vibes, um sessão da tarde fofinho. O bom bandido é ruim não só por destoar completamente do sentido original, mas também pelo peso que a palavra bandido carrega.
Enquanto o dicionário Michaelis define ladrão como “aquele que rouba, que furta“, ele define bandido como “pessoa maldosa, sem escrúpulos“. Ainda que sejam sinônimos para um indivíduo que comete crimes, o peso da palavra importa.
E o personagem de Channing Tatum, protagonista da película, é desde o começo pintado como uma boa pessoa, um sujeito gentil e educado que, por acaso, acabou cometendo crimes. Para o roteiro, é quase justificável que ele tenha roubado tanto que provavelmente levou a Toys’R Us à falência. É uma mera inconveniência o fato dele invadir os estabelecimentos fazendo um buraco no telhado, uma técnica que certamente só funciona nos Estados Unidos e suas casas feitas de papelão prensado.
Tatum também é grande responsável pelo carisma do ladrão, que transborda pela tela. Mas a boa escalação de elenco não fica só nele.
Mary Jane

Como um adolescente com hormônios no auge na época do lançamento do Homem Aranha do Sam Raimi, é claro que a Mary Jane Watson de Kirsten Dunst tem um espaço especial em meu coração. MJ, que nunca foi a minha favorita entre os relacionamentos de Peter Parker, uma vez que eu sempre gostei mais da Gwen Stacy. Então não só eu me apaixonei perdidamente por essa Mary Jane, como ela conseguiu conquistar em meu coração o espaço que outrora pertencia a outra garota.
Em O bom bandido, Kirsten Dunst tem a missão de ser tão apaixonante que faz com que a gente ache justificável um ladrão arriscar tudo o que ele tem por uma oportunidade de ficar com ela. Nos seus 43 anos, a atriz segue absolutamente encantadora. Ela consegue jogar um charme discreto, deixando fácil para Tatum interpretar alguém que se perde em seu sorriso.

É um mérito da atriz. Em Guerra Civil, apesar de sua evidente beleza, a atriz não interpreta uma personagem apaixonante, porque ela não precisa. Ela é apaixonante, mas contida em Brilho Eterno de uma mente sem lembranças porque ela não pode ser mais interessante do que a Kate Winslet. Por seus papéis passados, dá para concluir que não é só a beleza da atriz que atrai. É uma atuação. Ela interpreta alguém atraente, e isso transborda pelo filme.
Conclusão
Numa sessão de auto-terapia que este ode à esposa do Jesse Plemons disfarçado de crítica se transformou, a única conclusão possível é que minha atração por ruivas que me atormenta completamente por toda a minha vida tem suas origens na Mary Jane Watson de Kirsten Dunst. Puro cinema:
Ah, tem o filme, verdade. Era disso que a gente tava falando. Tatum e Dunst entregam atuações muito maiores do que o filme em si. É uma comédiazinha boba, com algumas boas piadas, uma história real impressionante, mas tudo elevado pelo trabalho dos atores principais. Um Sessão da Tarde clássico.