SALADA CAPRESE reviews à bolonhesa

Coração de Lutador

Eu sempre soube que o Dwayne Johnson era um baita ator. Desde Be Cool, onde ele consegue roubar toda cena que aparece usando apenas as sobrancelhas. Por isso não é surpresa para mim vê-lo brilhar no novo filme da distribuidora queridinha A24, dirigido por Benny Safdie, que, por acaso eu conheço mais como ator, particularmente por ter atuado na série The Curse, do gênio Nathan Fielder.

É incrível que um parágrafo introdutório cheio de referências e links externos deixe de fora uma menção a Emily Blunt. É a segunda parceria de Dwayne com Emily, depois do mediano Jungle Cruise. Ainda assim, os dois seguem com uma boa química, e é um deleite vê-los dividir a tela.

A atriz britânica é o segundo excelente motivo para ir ao cinema assistir “Coração de Lutador – The Smashing Machine“, um título tão desnecessariamente longo que o próprio time da Diamond falou que a gente podia chamar só de “Coração de Lutador” mesmo, que tava tudo bem; ninguém sabe escrever Smashing direito e toda vez que alguém pensa em “smash” é antecedendo burger ou potatoes, o que não tem muito a ver com o filme, deixa o título em português mesmo.

Contrastes…

O nosso The Rock interpreta o lutador de UFC Mark Kerr, um dos pioneiros do esporte. Logo na primeira cena dá pra perceber que o cara vai entregar uma atuação excepcional, simplesmente pelo olhar de compaixão que ele dá ao seu adversário caído imediatamente depois de ter esmurrado a sua fuça como se fosse uma massa de pão italiano.

Esse contraste imenso segue durante todo o filme. É doído ver um monstro daquele tamanho chorando, principalmente logo depois de vermos uma cena onde ele levanta um supino com peso equivalente a um Celta duas portas; e é mais forte ainda por sabermos que o Dwayne tá mesmo levantando aquilo mesmo de peso, provavelmente atuando e fingindo esforço, deve ser esse seu exercício de terça-feira de manhã.

O tamanho do The Rock (tá mais para The Boulder neste filme) também impressiona pela diferença dele em relação à sua aparição na noite de lançamento do filme. Dwayne perdeu peso equivalente a um tamanduá bandeira como preparação para o seu próximo filme Lizard Music, que será mais uma parceria com Benny Safdie (tá mais para The Pebble agora). Toda essa dedicação e desprendimento em relação à própria aparência é uma guinada do ator em direção a papéis mais sérios e complexos.

Se o cara já era carismático fazendo um monte de filme ruim, essa notícia é acalentadora. Porque todo mundo gosta do The Rock, e ninguém se importava de verdade em vê-lo atuando em umas coisas meio contestáveis. Talento, eu já sabia que ele tinha. Talvez o que faltava era coragem de pegar um papel que o desafiasse.

Recepção calorosa

A recompensa veio: The Smashing Machine chega com uma recepção moderadamente positiva e um burburinho sobre indicações ao Oscar, inclusive para melhor ator. E o filme é bom, apesar de ter parecido meio longo demais pro gosto de um crítico que prefere ver um casal discutindo do que dois brutamontes trocando tabefe em um ringue. Ainda mais depois que a Spaten inventou o UFC 5×5, ter só dois caras lutando parece simplista.

É fora das lutas, no íntimo do atleta, que o filme vence. E a expectativa é que este ainda não seja o ápice da carreira de ator de Dwayne.

Como fã, espero um futuro promissor.

Autor:
Barão do Principado de Sealand. Com uma inexplicável paixão por cinema, cervejas e queijos.