A animação À procura de Anne Frank, que a partir do dia 9 de outubro será exibida com exclusividade na plataforma Filmelier +, que opera dentro do Prime Vídeo, é muito mais do que uma mera adaptação de O diário de Anne Frank. É um filme que olha o passado mais com preocupações bem atuais. O que poderia soar arriscado, e até mesmo ofensivo, tem como resultado uma trama sensível e pungente
O filme acontece em dois momentos temporais. O primeiro, óbvio, é do passado, onde vemos toda a ascensão do nazismo e a vida dentro da edícula da Prinsengracht 263, o famoso anexo onde Anne, sua família e alguns conhecidos ficaram escondidos da perseguição nazista.
Embora essas incursões no passado tenham a sua importância, o filme aconteceu mesmo no presente. É aqui que está o centro da trama. E quem protagoniza é Kitty, uma espécie de amiga e interlocutora imaginária que Anne criou enquanto escrevia o seu diário. Ela surge de uma projeção mágica emanada do diário original. Nós estamos na mesma Prinsengracht 263, agora cheio de turistas. E até aparece um rapaz, que depois vai ter relevância na trama, afanando algumas carteiras dos frequentadores do museu.
A animação vai e volta no tempo. Kitty só pode ser vista e ouvida quando está afastada da Casa de Anne Frank. Ela tenta entender aquele estranho mundo onde o nome de sua amiga está estampado em museus, pontes e bibliotecas. Tudo leva o nome de Anne Frank. Mas a pergunta que o filme faz parece ser: será que entendemos a verdadeira mensagem por trás da tragédia que a família Frank viveu?
É neste ponto que entra aquele ladrão de carteira, que chama-se Peter – o mesmo nome do rapaz que Anne Frank se enamorou no tempo em que passou na edícula. Só que ele não é apenas uma desculpa para colocar um pouco de romance na história. Ele apresenta para Kitty o drama muito atual dos refugiados na Europa.
Esse equilíbrio entre passado e presente é um ponto forte de À procura de Anne Frank. Esta é uma animação que não se envergonha de ser política, mas o faz com uma sensibilidade tocante. Esse filme, diga-se de passagem, é derivado de uma Graphic Novel que foi editada no Brasil. Um jeito emocionante de tornar ainda mais atual O diário de Anne Frank.