O Esquema Fenício, que estreia nesta quinta, 29, tinha tudo para ser um filme inesquecível. Um elenco estelar – Benicio del Toro, Mia Threapleton e Michael Cera nos papéis principais; Tom Hanks e Bryan Cranston fazem participações luxuosas, entre muitos outros -, uma produção caprichada, com um roteiro instigante e um diretor competente. Parece o combo perfeito para sair do cinema recitando cenas inteiras, certo? Não para esse resenhista. Achei muita pretensão para pouca diversão.
O plot da história é divertido. Benicio Del Toro vive o magnata Zsa-Zsa Korda que, logo no início da trama, sofre um acidente aéreo bizarro. Rapidamente, descobrimos que é o seu sexto acidente, mas não vai ser o último. Ele é muito rico e muito excêntrico. Cheio de filhos e de manias.
Ainda se recuperando do acidente, toma uma decisão: deixar toda sua fortuna para sua única herdeira mulher, Liesl, vivida pela excelente Mia Threapleton, que está prestes a entrar em um convento e se tornar esposa de Jesus. Aqui, temos um princípio de draminha familiar, pois Korda, claro, foi um pai ausente e relapso. Pior ainda: a filha suspeita que ele está envolvido na morte da mãe. O pai, por sua vez, é contra que a filha entre na vida religiosa pois quer que ela cuide dos seus negócios – umas negociatas muito pouco cristãs, diga-se de passagem.
O principal é o tal do Esquema Fenício, que dá título ao filme, e parece atrair muitos inimigos que não querem que ele se concretize. Para tentar reverter a situação, o protagonista e a filha, junto com o seu novo secretário Bjorn, vivido por Michael Cera, começam uma road trip aloprada para convencer vários emissários a continuar no Esquema Fenício.
Parece interessante, mas a grande dificuldade do espectador é se importar com os personagens e suas motivações. O protagonista, por exemplo. Korda tem aquela empáfia típica dos empresários megalomaníacos, mas não consegue despertar nem raiva, nem amor. Apenas indiferença.
Sem essa empatia estabelecida, resta o humor. Afinal, a película se vende como comédia. Novamente, Wes Anderson tropeça. Poucas piadas funcionam, apesar do esforço do elenco. Mas nem tudo é desastre. Existe um mérito no filme: ele é relativamente rápido: 1 hora e 41 minutos depois de começar, você já está livre para procurar um esquema melhor para a sua vida.