SALADA CAPRESE frankly, my dear, I don't give a damn.

Pai do Ano

É ótimo quando você começa a assistir um filme esperando pouco, ou quase nada, e ele acaba entregando tudo. Foi assim minha experiência com Pai do Ano, comédia dramática estrelada por Michael Keaton e Mila Kunis. Um pouco da baixa expectativa vem da sinopse, tão gasta quanto óbvia. É basicamente a história de Andy Goodrich que, depois que sua mulher é internada em um Rehab, precisa dar conta de cuidar do casal de gêmeos. 

Você certamente já viu alguma variação desse plot em não sei quantos filmes da sessão da tarde. O que, então, diferencia Pai do Ano dos seus semelhantes? Primeiro, a excelência do elenco. Estão todos muito bem. Destaque absoluto para os protagonistas Michael Keaton e Mila Kunis. O papel de Kunis, aliás, é muito interessante. Ela vive a filha mais velha de Andy e teve um pai relapso na infância, para dizer o mínimo. Mas ela tem que ver os seus irmãos gêmeos mais novos tendo uma outra relação com o seu progenitor. O filme se chama Pai do Ano, mas o mais exato seria chamá-lo de Pai (desatento) do Ano. Até os seus filhos pequenos perceberam que sua mulher tinha vício em remédio. Fora as vezes em que levou os filhos atrasados para a escola… Ou não soube direito o que fazer com os pequenos em casa e colocou Casablanca para eles assistirem… Ou aquela outra vez que ele esqueceu da hora de levar sua filha mais velha, grávida, para um exame… 

Aqui, você já deve pensar que Goodrich é pintado como o vilão da trama. Nada disso. Todos os personagens são profundamente humanos, com virtudes e defeitos. Esse é o segundo grande mérito do filme. O roteiro. Engraçado e comovente na medida certa. É um filme estruturado em pequenas sutilezas que vem, basicamente, dos diálogos. Méritos da diretora e roteirista Hallie Meyers-Shyer, que conseguiu extrair de um clichê para lá de manjado, uma história engraçada e humana. Um feito além das expectativas. 

Leitor desde sempre. Apaixonado por literatura policial, divulgação científica, quadrinhos, e quase todo o resto. Fez história e jornalismo só para ficar desempregado em duas faculdades diferentes.