Eduardo Burnet chegou ao Maranhão em 1871. O americano foi um dos responsáveis pelo batismo e desenvolvimento do município de Nova Iorque, com um dos seus principais atrativos turísticos sendo a Praia do Caju. Toma essa, Empire State Building.
Nós, aqui no Brasil, temos nossa cota de cidades batizadas com nomes de outras capitais. Sempre é possível a gente querer dar um pulo em Buenos Aires e terminar em Pernambuco. Honestamente, até prefiro. Frevo é mais legal do que tango.
Ainda assim, a gente pega mais leve nessas cidades kibadas do que os americanos. Acredito que ninguém aqui confunda Londrina com Londres; um erro que deve ser bem mais comum em London, Ohio.
Uma confusão que acontece com uma freqüência bem menor do que se espera no clássico de 1984 Paris, Texas, que volta ao cinema em 4K como um mimo dado pela O2Play. É a oportunidade perfeita para os cinéfilos corrigirem um erro grosseiro (tal qual eu corrigi na cabine de imprensa, que aconteceu no ótimo CineSesc), de nunca terem visto esta obra-prima.
A verdade é que a cidade de Paris, Texas nem aparece tanto no filme assim. Ela move tão sutilmente a história que poderia ser retirada, o que ocasionaria em perdermos um dos melhores títulos cinematográficos dos últimos tempos. É como se a cidade existisse por causa do filme, e não o contrário. A obra certamente fracassou em transformar a cidade em destino turístico, talvez o que justifique a péssima réplica da Torre Eiffel que construíram por lá, uma réplica bem pior do que a que a gente tem aqui no Paraná.

Entre ir para Paris, Texas ou assistir Paris, Texas, acredito que eu prefiro a segunda opção mesmo. O filme é tão bom quanto o Letterboxd me prometeu. Eu acho que eu até prefiro o filme a voltar para Paris, França. Uma vez, uma amiga me pediu recomendações do que fazer na capital europeia e eu respondi “ir embora”.
Já aqui no Brasil, não tem nenhum município batizado Paris. Mas tudo bem, a gente pode sempre pedir por uma Palestina Livre aqui em São Paulo.