Já destaquei em diversas outras oportunidades, o meu desprezo ao cinema francês. Por algum motivo, (talvez um misto de curiosidade com falta de amor próprio), eu sigo dando uma segunda, terceira, quarta, quinta chance ao cinema do país – principalmente porque eles sempre produzem coisa demais, são uma máquina de fazer cinema. Eventualmente sai alguma coisa boa, mas a maioria das produções francesas acaba mesmo sendo que nem o filme Sr. Blake ao seu dispor (do original Complètement cramé).
Talvez, dessa vez, a curiosidade veio do protagonista, vivido por John Malkovich, um cara que eu queria ser. Sempre magnético, é muito bom vê-lo atuar, mesmo que seja atuar tão lentamente quanto o filme pede, com um enredo que vai devagar quase parando, como se fosse entrar em greve a qualquer momento. Um protagonista que faz malas muito pequenas para viagens muito longas, e que claramente não aprendeu direito a usar o AirBnb.
Como fã do ator, é claro que é uma delícia vê-lo reclamar da vida em dois idiomas diferentes. Mas o filme não entrega muito além disso: é um marasmo, elogios falsos à comida francesa (que nem é tudo isso) e personagens saindo e entrando em carros muito lentamente.
Obviamente que uma crítica tão negativa está sim relacionada ao meu desprezo ao cinema francês. Eu sei que tem quem goste. Talvez seja esse o público, no final. Sr. Blake ao seu dispor é um filme tão francês que o ingresso devia incluir um maço de cigarros e uma suposta superioridade moral. Talvez ser assistido quando se está em greve ou depois de uns dias sem banho.
